4 de outubro de 2012

Ecos dos Projectos de Voluntariado IV: Centro Santo Estêvão



 Da escuta… à partilha

“Nesta casa manda o amor” é a frase com que nos deparamos à entrada do Centro Santo Estevão, em Viseu, a casa que recebeu e acolheu a equipa de voluntários, de 15 a 25 de Agosto. Um verdadeiro grupo de amigos, de diferentes faixas etárias, unidos pelos mesmos valores, pela mesma missão, pelos mesmos sentimentos, pela mesma escuta do apelo à partilha e, essencialmente, pela mesma vontade de se doar, porque “o amor nos impulsiona a doar-nos“.

Foram dez dias de cumplicidade entre brincadeiras com as bolas e o parapente no Centro de Atividades Ocupacionais (CAO); de braços e corações abertos entre passeios animados com direito a visita aos cavalos e cães da GNR; de sorrisos rasgados e olhos brilhantes, entre mergulhos na piscina com os utentes; de sinais de afeto e expressões de alegria, entre danças ao som da música que ecoava no pátio.

Ao longo desta caminhada foram-se vincando as relações entre voluntários, utentes e funcionários. A irmã Quintinha, uma das voluntárias, que a todos se dirigiu numa das Eucaristias, referiu: “Estas são as ovelhas (utentes), e vós (funcionários e voluntários) sois os pastores”. Os pastores têm como missão guiar o rebanho, e não deixar que nenhuma das ovelhas se perca. Senti que todos os que estavam presentes “pararam” e refletiram, principalmente, as funcionárias que se dão por inteiro, todo o ano, a estes utentes, a esta casa que lhes é tão querida. Na conversa com as funcionárias, há algo que é comum e sobressai: “É por amor que aqui estamos, não é pelo dinheiro, porque esse não vale nada comparado com o que aqui recebemos. Estes meninos são também a nossa família, e nós a família deles, em alguns casos, a única.”

Foi nos momentos de partilha que as emoções vieram mais ao de cima e os corações falaram mais alto. À noite, no momento de oração, cada um dos voluntários era desafiado a partilhar um pouco do seu dia. “Ser sensível no dia-a-dia” tornou possível que em Viseu se consolidassem os pilares do amor, e “com a ajuda desse amor, bem sustentado, se construísse um lar” – estas foram algumas das frases que marcaram esses momentos de partilha.

Na hora da despedida, com os corações bem cheios de coisas boas, fechamos a porta com a certeza de que ela estará aberta para nos receber, porque “primeiro estranha-se, depois entranha-se” e porque “quem vem, volta”- frases frequentemente ditas pela equipa técnica e funcionárias. Partimos com a certeza de que as saudades apertarão e que as vozes deles ecoarão no silêncio das nossas vidas rotineiras. Mas despedimo-nos com o desejo de que ”a Luz que trouxemos acesa durante esta caminhada, assim permaneça nas nossas vidas”.

Ana Filipa Graça

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