23 de fevereiro de 2014

É no dar que se recebe

O dia começava a raiar e prometia ser diferente dos anteriores. A chuva estava
ausente! 
Partimos para Vilar Formoso já com a imagem de muitos dos rostos que iríamos encontrar nos lares de Vilar Formoso e Aldeia da Ponte. 

O nosso grande objetivo era darmo-nos de alma e coração àqueles idosos que tudo deram na sua vida, até mesmo a sua juventude.

A receção foi calorosa. Foram trocados muitos beijos e abraços num encontro muito comovente, não só pela alegria esfuziante que irradiava dos seus rostos, como também por sentirmos a ausência dos que já tinham partido para o Pai.

A nossa missão era torná-los mais felizes dando-lhes atenção e carinho. Como o grupo de voluntários já não era muito jovem, apercebemo-nos que eles ficaram um pouco desapontados. Ficamos constrangidos. Quando nos perguntaram pelos jovens justificamos a sua ausência com os exames. Pensamos, pela reação deles, que não ficaram convencidos.

Mesmo assim, não deixámos de fazer festa! Tínhamos “a juventude” da nossa idade e entrámos direitinhos nos corações dos idosos porque entendíamos bem a sua linguagem e compreendíamos os seus sentimentos. Partilhámos e aprendemos muito. Alguns tinham “estórias“ sofridas e dolorosas que nos entristeciam. Nesses momentos, os nossos sentimentos ficavam um pouco revoltos. Era a dor de nos sentirmos incapazes de resolver os seus problemas para que esta fase das suas vidas pudesse ser vivida de uma forma mais doce e serena. 

A nossa presença veio quebrar um pouco as suas rotinas. Sentimos que fomos um desafio para eles. Permitiram-nos abrir algumas portas e desarrumar muitas lembranças. Criámos espaço para ouvirmos as suas “estórias” de vida, contarmos anedotas, cantarmos, fazermos trabalhos manuais, jogarmos às cartas e ao dominó. Durante o projeto, o passado virou presente.

Os nossos velhinhos gostavam muito de participar na eucaristia, e como tivemos a sorte de ter connosco dois sacerdotes, Padre Floriano e Padre Marcelino (este último de visita), pudemos preencher essa lacuna com algumas celebrações.

É muito gratificante a sensação do dever cumprido. Sentimos que demos muito, mas também sentimos que recebemos muito mais. São Francisco de Assis lá tinha a sua razão quando dizia que “ É no dar que se recebe “ e, realmente, quanto mais damos mais recebemos. 





Balbina

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